E ai Brother!
17 ANOS vivendo com o barulho das maquininhas dia após dia.
Passei por tempos de turbulência, preconceito, hoje, de certa forma, é modinha.
Mas para mim é um ritual, uma filosofia de vida. Somos uma tribo de Pessoas de
todas as raças, status, filosofias. Pessoas que gostam de cores, gostam do
preto e cinza, adoram seus Deuses ou não sabem o que querem. Quase adultos
cheios de sonhos, adultos calejados com a vida ou idosos deslumbrados com o meu
universo. Conheço gente, lido com a dor. Sim, tatuagem dói e assim como a dor
aparece o amor transparece. Lido com gente, pessoas que choram, que trocam o
cenário do meu ritual e se imaginam num divã. Conheço histórias, que levo pra
vida. Pessoas vêm, pessoas vão. Conheço a diversidade. Clientes fiéis viram
amigos. Amigos que também me comovem, me sustentam e fazem o barulhinho diário
da máquina de tatuar se tornar o único cenário certo pra mim. No primeiro
contato eu sou para aquele estranho que me procura “tipo” um extraterrestre,
meio louco, que fala estranho e vive uma vida “adoidada”, mas mesmo assim ele
confia em mim sua pele, seu desejo de ter algo marcante pra ele até que o
sangue não passe mais por suas veias e quando isso infelizmente acontecer,
ficará a sua história para o seus queridos, suas fotos, recordações e ali
estará registrada a minha vida enquanto essa pessoa viver para aqueles que a
querem bem. Então, seria louco dizer que eu serei “tipo” imortal? Já que estou
vivo em várias peles, em várias histórias, nas Pessoas? Eu me inspiro, desenho,
desenho várias vezes, o quanto preciso for, acho o desenho certo, não para mim,
mas para o estranho que me procura. Nesse momento é como se eu, extraterrestre,
tivesse abduzido aquele ser para junto comigo num universo louco. E quando o
barulho da máquina começa a magia inicia, uma troca: a minha vontade de fazer
arte com a vontade daquela pessoa de ter a minha arte. Transformo aquela pele
na minha tela, tela viva, que tem medo, sente dor. Deu! Não somos mais Et’s
somos pessoas, que amam, que tem suas histórias e que naquele momento se
entrelaçam e compartilham. Assim como, essa pessoa deixa um pouco dela comigo,
ela também leva uma parte de mim, o que de melhor eu tenho pra oferecer, minha
arte, minha vida. Apaixonante não? Meus cabelos brancos já surgiram e esses
anos passaram num piscar de olhos, mas eu vivi cada momento no compasso da
maquininha de tatuar e é essa a vida que terei até que minhas mãos sejam firmes
para fazer da pele a minha tela. Isso é tatuagem pra mim...é troca, amor, arte,
vida! 10.800 tatuagens pra contar no caderno de autógrafos pós-tattoo do meu
Studio, mais de 8.500 dessas feitas pelas minhas mãos. Então, vamos se riscar e
viver! Obrigado a todos que fizeram e farão parte da minha história! Lello
Insanum, profissão: tatuador.